28.5.08

Um dia com meus pensamentos

Ontem uma pessoa que AMO ligou para mim tardíssimo da noite e passamos uma hora ao telefone. Falamos de maternidade, de planos de trabalho, de crises existenciais e tal. Pensei no quanto ela se parece comigo, e no quanto meu amor pelos amigos é algo enorme: sempre adoto as pessoas com quem me identifico como filho, irmão, pai e o que mais for possível. A vida faz questão de afastar de nós as pessoas mais queridas, isso é putamente injusto. Se dependesse de mim, levava meus amados à tiracolo!

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Talvez eu nunca perca o hábito de acordar de madrugada para trabalhar. Pude acordar mais tarde durante 1 mês, mas meu relógio biológico insistia em me acordar às 5 todos os dias. E não gosto de enrolar na cama nem aos fins de semana: fato.

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Tem coisas que só o modo shuffle do player faz por você! Há tempos não coloco Wonkavision para ouvir por conta própria, mas hoje lembrei de uma frase que é recorrente nas minhas crises pessoais por conta do modo aleatório:

Diz que não é assim, que eu devia lutar. Mas lutar pelo quê?
Se não posso vencer a guerra de mim mesmo sem eu mesmo perder...


Né?

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Odeio sindicatos. Odeio muito. Por conta dessas malditas manifestações que tentam esconder as falcatruas dos líderes em meio aos escândalos, uma série de pessoas se prejudica em seus empregos por causa do trânsito. Uma hora e meia para chegar ao trabalho = 45 reais de táxi. Vou à falência.

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Eu me preocupo com os outros, sempre e muito. E se pudesse, evitaria todo motivo de chateação alheia. Eu preciso muito parar com isso, pois geralmente isso não traz nenhum bem, nem à mim nem ao outro. Será possível mudar algo tão intrínseco em um ser?

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Certas coisas me fazem um mal enorme.

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...

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Meus planos de trabalho sempre dão errado: eu sempre extendo os meus prazos de permanência e, pelo jeito, jamais terei férias nessa vida. Serão mais 15 dias de tortura. Deus há de continuar sendo pai!

21.5.08

Amanhã é feriado.
Que legal pra vocês!
>:(

19.5.08

Opinião pública

Larguei a TV há uns bons 3 anos. Me limito a acompanhar alguns pouquíssimos seriados e reality shows (nada parecido com BBB, vamos deixar claro), mas dias atrás precisei passar diariamente na casa da mamãe durante a noite e lá a TV impera absoluta na sala de visitas. Foi inevitável não me espantar com o vulto que o caso da menininha jogada pela janela na Zona Norte levou. Eu costumo acompanhar as notícias pela internet e noto a repercussão de um caso conforme o tempo que a notícia aparece em negrito na página inicial dos sites, mas na TV a coisa é bem pior: as emissoras fazem questão de direcionar a opinião pública tocando na ferida o tempo inteiro, e na falta de assunto se discute até o que o preso tomou no café da manhã, quantas vezes ele chorou e qual a cor do cobertor que o cobriu. Absurdo.

Daí eu lá esperando o jantar quando vejo uma multidão, mas MULTIDÃO mesmo, diante do prédio que o pai da garotinha estava pouco antes de se entregar junto com a mulher. E juntamente com a indignação de ver tanta gente-sem-ter-o-que-fazer-da-vida veio uma reflexão que eu estou há dias querendo partilhar, mas o tempo não deixa.

Antes de mais nada, quero deixar claro que isso não é uma opinião sobre culpados de coisa alguma. Meu achismo diante disso, que não quer dizer %*&&@ nenhuma do ponto de vista jurídico, é de que há grande possibilidade deles realmente serem os culpados. Mas calma lá: nem mesmo a polícia, com todo o embasamento técnico que eles possuem com as investigações e a perícia, pôde afirmar isso de forma conclusiva até o momento. E lendo alguns criminalistas que se pronunciaram sobre a prisão preventiva deles pude constatar minhas suspeitas: tudo é uma questão de opinião pública. E, sinceramente, como acredito que esse povão ignorante não tem opinião própria, tudo é uma questão de manipulação midiática.

Há 1 ano uma menininha sumiu do quarto que estava hospedada com os pais em Portugal, e todos devem se lembrar disso. Inexplicavelmente a garotinha sumiu praticamente sem deixar pistas. Então a polícia conseguiu ir mais adiante na linha de investigação que acusava aos pais, já que cães farejadores apontaram cheiro de cadáver no porta malas do carro alugado do casal e em alguns de seus objetos pessoais. Encontraram também uma seringa utilizada no quarto que apontou vestígios de tranqüilizantes. Daí surgiu uma teoria do casal ter aplicado a substância na filha para que ela dormisse e eles pudessem sair para jantar, encontrando-na morta na volta. No desespero de ter matado a própria filha, eles poderiam ter ocultado o corpo e sugerido a invasão do quarto e o seqüestro da mocinha. Houve uma comoção pública tão grande que rechassava a teoria que a polícia conseguiu avançar em outras linhas de investigação, ainda sem conclusões. Um outro mané também foi declarado suspeito e até hoje não conseguiu retomar o ritmo de sua vida pessoal (talvez nem consiga). Os pais conseguiram sair de Portugal com o apoio da opinião pública e um ano depois dessa história ter começado, o saldo é um crime com suspeitas diversas que consideram um possível envolvimento dos pais, ou o de uma rede de pedofilia, ou de um possível mané que, se inocente, deu um puta azar de estar no local errado, na hora errada. Ou seja: NADA. Mas intrigada mesmo fiquei com fundação criada pelos pais da Madeleine, que recebeu milhões de euros em doações (de grandes personalidades, inclusive) cujo dinheiro ninguém teve mais notícias, e ainda conta com uma loja que vende camisetas e pulseiras da organização. E esse é outro caso sem conclusão, que conseguiu até agora juntar o maior número de indícios contra aqueles que deveriam ser as vítimas da situação: os próprios pais da garotinha. No entanto a situação deles é bem diferente por uma questão de opinião pública.

Daí que o Guinness Book ganhou um novo record por esses dias: em Dallas um homem inocente foi solto após 27 anos preso acusado de cometer estupro seguido por homicídio de uma mulher. Imaginem: o cara foi preso, todos os indícios apontaram para ele desde o início. Ele alegou inocência desde sempre, mas o povo deveria odiá-lo por um crime brutal. Então ele foi condenado por algo que não cometeu e 27 anos depois, após perder toda a vida na prisão, ele consegue provar sua inocência. Que será que pensam aqueles que o julgavam culpado nesse momento? E o que pode ser feito para ressarcir uma vida que ficou injustamente enclausurada por 27 anos?

Então chego no questionamento que queria chegar: até que se prove a autoria de um crime, como pode vazar tanta informação de um inquérito que deveria ser absolutamente confidencial? Será que a mídia deve mesmo ter o direito de divulgar fotos pericias ou depoimentos de um processo em andamento? Eu li o depoimento inteiro da mãe da mocinha num jornal eletrônico, isso é um absurdo! Deus queira que o pai e a madastra da menininha da Zona Norte sejam mesmo culpados desse crime estúpido, e que os pais da garotinha inglesa não sejam também culpados pelo sumiço da própria filha. Assim estará tudo bem ao final das contas. Pois senão teremos como resultado famílias maculadas e traumatizadas injustamente, um prejuízo sem conserto para o resto da vida dos acusados por plena incapacidade de lida de uma investigação por aqueles que deveriam ser os primeiros a se preocupar com a integridade moral dos cidadãos.

Quando pego pessoas pedindo a morte do casal da Zona Norte, converso sobre isso. Elas pensam sobre o caso e dizem que, vendo assim, realmente é para ser mais cauteloso para julgar o caso e me perguntam se acho que eles são inocentes. Olha: não. Não acho, mas uma parte grande de mim quer acreditar que um pai não comete com um filho algo nojento desse tanto. E no entanto temos um crápula austríaco que molestou a filha por 24 anos. 24 ANOS! Consegue imaginar? Eu não... Nada do que se faça devolve a vida daquela mulher e nenhum castigo seria o bastante. Na minha cabeça isso é inconcebível e até eu, ponderada que sou, tenho vontade de estrangular o velhote.

O mundo é triste. Triste de verdade.

11.5.08

Genesis

Meu pai tem um gosto musical fantástico. Ele sempre foi tão apaixonado por música que acabamos, todos em casa, sendo contaminados com isso. E o curioso é que quando me lembro dele ouvindo música chego a sentir saudades: era uma das coisas boas que ele tinha.

Cresci ouvindo muitas coisas, nem daria para listar: minha casa tinha um acervo invejável de vinis com muito de Beatles, Pink Floyd, Deep Purple, Alan Parsons, Queen, Creedence, Jethro Tull, Eagles, Supertramp... Mas sem sombra de dúvidas, Genesis é a minha herança musical preferida e não há nada no acervo que eu goste mais. São eles os culpados de meu fascínio pelo progressivo, que para mim é algo muito maior do que trilha musical de reportagens televisivas (verdade: me parece que o progressivo é a escolha oficial dos editores das emissoras! rs)

Como a maior parte dos verdadeiros fãs de Genesis, eu também acho a fase Peter Gabriel infinitamente superior, não só pela obra que é incomparável mas também por toda a performance do líder da banda nessa fase, que é algo impressionante. Não que eu possa dizer que gosto da fase pop, mas meu pai ouvia e acabei me habituando com algumas coisas (adoro Mama, Follow you, follow me, Throwing It All Away...), além de me derreter com a voz do Phill Collins e o considerá-lo extremamente carismático (se ele não tivesse dito que se interessa menos por música do que por sua memorabilia da Batalha do Álamo, poderia dizer que sou apaixonada por ele). Para mim, a birra que os fãs ortodoxos têm dele é uma injustiça. Tudo bem, acho boa parte da obra da banda sob sua liderança dispensável, mas a saída do Peter Gabriel me soa mais como um ego ferido por ter alguém talentoso se sobressaindo no grupo do que por descontentamento com uma possível veia pop que sequer havia dado as caras na formação. De qualquer forma concordo que é outra banda, voltada ao comercial, e estou falando da primeira aqui. Nem conto com Ray Wilson, e se conheço algo dessa fase é totalmente sem querer: havia coisa mais útil para gostar nos anos 90, e meu gosto já era mais inclinado ao indie.

Eu não sou opinião adversa em considerar Seeling England by the Pound a melhor obra do Genesis. Também não sou uma pessoa difícil de agradar, ponto pacífico, mas posso dizer que esse álbum está num estágio além das coisas que gosto muito e escutá-lo é experiência sem igual: há uma dinâmica perfeita entre as faixas e raramente me permito escutar uma música isolada. Mas se você me mostrar uma, qualquer uma delas isoladamente, eu vou delirar quase da mesma forma.

Do resto gosto muito, muito de Nursery Crime. Mais que Fox Trot, que costuma ser o segundo na lista dos fãs ortodoxos. Gosto bem de Trespass e do Lamb Lies Down, mas do From Genesis to Revelation eu mais rio do que qualquer outra coisa: é ruim. Ruim. Se não fosse In Limbo e Windows, eu o teria apagado do meu player. Quando os ortodoxos criticam o Phill certamente estão ignorando essa fase obscura de Peter Gabriel.

Para quem não sabe, os álbuns progressivos são como livros e a sequência de composições oferece uma dinâmica que deve ser respeitada para que o conto faça sentido. Por isso é muito difícil fazer uma lista de músicas preferidas: isoladamente elas não têm o mesmo efeito que quando inseridas em seu contexto. Mas farei, mesmo assim, duas indicações por álbum que, digamos, são os meus capítulos preferidos:

From Genesis to Revelation
Windows
In Limbo

Trespass
Visions of Angels
Stagnation

Nursery Crime
Musical Box
Absent Friends

Fox Trot
Can-Utility and the Coastliners
Supper's Ready

Seeling England by the Pound
Firth of Fifth
I Know What I Like
(Se eu pudesse citar 3 músicas, citaria Dance in the Moonlight Night na sequência)

The Lambs Lies Down on Broadway
Carpet Crawlers (que deve ser a minha preferida depois do trio que inicia o álbum anterior)
Cuckoo Cocoon
(eu poderia citar a dupla The Lambs Lies Down on Broadway e The Light Dies Down on Broadway, mas eu extrapolaria o meu limite)


Sim, sim, meus caros: eu sou cara de pau e dei um jeito sutil de quebrar as minhas próprias regras ao citar as preferidas. Mas ouçam, e então vocês conseguirão me entender!

Enjoy it!

7.5.08

Café da manhã

Quer mesmo saber por quê vou mudar de emprego?

2.5.08

Sobre uma mulher fora de contexto

Quando eu morava na Rocha a dona do apartamento pediu para deixar uns móveis dela por lá pouco antes de colocá-lo para alugar, de forma a incluí-los do aluguel do futuro locatário. Eu topei, mas chorei de desespero (sem exagero) quando cheguei em casa: os móveis eram tão, tão velhos que eu tinha medo de dormir e no primeiro dia, de fato não dormi. No segundo, cambaleando de sono, deixei a porta aberta e a luz acesa e consegui dormir em alguns intervalos. No terceiro resolvi ser amiga de todos eles fazendo a política da boa vizinhança: olhei para a carinha de cada um e dei o nome que combinava melhor com cada coisa. Assim fiz de amigos a penteadeira Luís XV que era a Princesa Isabel, uma cama baixa com um espaldar alto e trabalhado que se chamava D. Pedro, o armário imenso conhecido como D. João e as várias peças que deveriam compor uma cozinha e ficaram pela casa que atendiam por Dona Benta. E daí por diante tivemos uma convivência pacífica. Desde então notei que é costume meu dar nome às coisas que preciso me familiarizar, assim como os apelidos às pessoas que começam a fazer parte da minha vida.

Durante anos eu sonhei ter um notebook. Assim eu poderia levá-lo até o cliente para uma modificação rápida de projeto, sentar para trabalhar em qualquer ponto de casa, redigir minhas atas de reunião durante as reuniões, enfim... Coisas de workaholic assumida. Duas semanas após a aquisição eu nem havia aberto os programas para testá-lo ainda. Eu realmente o uso em reuniões, nesse frio é bom ficar na cama escrevendo ao invés de sentar no escritório, mas é só em situações como essas que acabo usando de verdade o computador. Nem dei nome para ele ainda, não somos amigos. E olha que ele é até simpático, mas não adianta: gosto da boa e velha workstation.

O carro foi totalmente outra história, pois eu nunca quis ter um carro. Aos 18 anos tirei carta como um presente dos meus pais e logo bati, e então me desinteressei completamente. Nunca tive vontade de dirigir e, pasmem, eu gosto de andar de ônibus. As pessoas costumavam me dizer que quando eu dirigisse com frequência acabaria gostando, que talvez eu não gostasse ainda pois tinha medo, que eu teria uma sensação de liberdade incrível, blablabla. Elas me enganaram. Odeio dirigir. Não sei o que acontece, mas não gosto mesmo. Eu prefiro muito mais sentar no meu banquinho do ônibus e ler meu livro, ouvir música com fones de ouvido, até tirar um cochilo tem sua utilidade. Mas dirigir? O que se faz de útil enquanto se dirige? Sério: não gosto. Penso se não é birra minha, assim como o laptop que sonhei em ter durante anos e agora uso raras vezes. Mas na verdade acho que realmente sou uma pessoa fora do contexto, que consegue ser grande amiga de móveis do século passado e até sente falta deles, mas que não se adapta às modernidades do século XXI.

Então quando digo que queria viver num tempo regresso é dessas coisas que sinto falta: de se fazer um projeto à naquin com prazo justo para amadurecer idéias, de uma época em que as pessoas trabalhavam para viver, onde cartas escritas à mão eram comuns, onde as pessoas não precisavam de orkut para lembrar do seu aniversário e as mulheres não eram desmerecidas por adorar cozinhar ou bordar. Eu poderia usar um vestido rodado preto com bolinhas brancas e uma fita de cetin na cabeça sem chamar atenção de pessoas com fuseaus roxas sob um vestido amarelo limão como se a pessoa estranha fosse eu. Enfim, onde os móveis da Rocha eram contemporâneos e os laptops eram surtos de um louco vidrado em ficção científica.