27.6.08

Eu, Tu, Eles

Sei lá por qual motivo, desde os 23 eu sempre me atribuí mais idade. Ao ser questionada sobre isso era muito comum, senão regra, ter o impulso de responder '28'. Quando percebia que não era 28 ainda tinha que pensar e fazer contas de quantos anos eu realmente tinha para responder. Isso era num instante de um flash, mas acontecia todas as vezes. E vai ver era um prenúncio, pois aos 28 realmente minha vida começou a tomar outro significado.

Aos 28 eu comecei a me apavorar com o tempo e com os rumos da vida, percebendo que os sonhos devem ser muito bem sonhados pois não podemos levar todos adiante. Alguns se perdem no caminho, alguns são descartados por outra série de fatores, mas o fato é que a eleição de sonhos é algo muito complicado: por mais consciente que seja o descarte ele sempre gera um sentimento de frustração latente, como se essa frustração fosse o preenchimento das lacunas que os sonhos não possíveis deixam em nós. Mas foi bom, e o ano dos 28 foi o meu melhor ano de auto-conhecimento.

Aos 28 eu comecei a responder que eu tinha 30 quando questionada sobre a idade. E, bem, agora tenho 30. Acho isso pavoroso, de verdade. Pois o simbolismo dos 30 anos é cruel, um divisor de águas muito claro. Hoje, por exemplo, me olho no espelho e tenho plena consciência do meu envelhecimento. Falo de corpo (e minhas calças não me deixariam mentir) e falo principalmente de alma. O corpo, sinceramente, eu tiro de letra. Tenho meus momentos de crise como toda mulher, principalmente se os hormônios contribuem, mas convivo e tomo minhas atitudes. Por mais drama que eu faça isso nunca me foi um problema de fato: a pequena crise desses momentos em que me dou conta do aumento do manequim ou da perda de elasticidade da pele não dura o suficiente para me deprimir. Triste é o envelhecimento da alma.

Quando pego minhas fotos e me comparo aos 15 e aos 27 anos eu não vejo diferença: vejo um rosto de menina, um sorriso de menina e um olhar de menina. E isso sempre foi algo que eu ouvi dos outros quando me reencontravam depois de um longo intervalo: 'você não mudou nada!' era uma frase recorrente. Problema é a comparação hoje. O sorriso é mais contido e as ruguinhas são visíveis a olho nu, e não que rugas sejam um problema (eu até gosto delas) mas a origem delas não é a idade, e sim o estado de espírito.

Então ontem estive com a minha família. E nesses momentos eu mais observo do que falo. Minha mãe sempre tão mãe e demonstrando o tempo todo o amor inigualável que sente por nós: pega na mão, beija, externa orgulho. O meu irmão mais velho me chamando de oráculo e cobrando uma presença minha mais constante, minha irmã linda como só ela sabe ser, uma pessoa de espírito forte e único. E tem o Tu, o caçula.

Na noite anterior eu havia tido um pesadelo com meu irmão mais novo, daí que ontem eu o olhei por mais tempo do que normalmente olho. Ele é lindo. Ele sou eu há alguns anos, quando eu respondia que tinha 28: sorridente, leve. A única diferença está no nível de responsabilidade, mas acho que isso é natural pela diferença de sexo. E eu, que sou declaradamente apaixonada por minha família, fico embasbacada a cada vez que deparo com esse sentimento diante deles. Meu irmão mais velho é totalmente meu filho, assim como minha mãe. Minha irmã é alguém em pé de igualdade, amiga mesmo. A melhor que tenho, e nenhuma mulher chegou perto de ser para mim o que ela é. Agora, o pequeno... É uma paixão doida! Se eu fosse menininha e não fosse irmã, morreria de outras manifestações de amores por ele. Não é possível lembrar dele triste, nem parado, e até quando ele apronta as piores coisas eu não consigo ser dura o suficiente pois ele me amolece. E pensando aqui, talvez seja pq me vejo muito nele, e vejo toda bondade possível em um ser humano materializada nele, coisa que já tive também.

Como é que um ser humano pode ser tão bom, tão leve, tão bonito e outros serem tão opostos a isso tudo, não é? E, pior, como pode um ser humano ser tudo isso de bom e transformar-se em algo tão oposto a isso???

Os minutos de contemplação (e essa é a palavra correta, já que por mais de uma vez alguém falou comigo e eu não ouvi nada pois estava olhando para ele, com o pensamento longe) me fizeram refletir muito. Pensar nos sonhos que eu tenho direito de continuar sonhando, no enterro que devo fazer de tantos outros que não cabem mais, na vontade de fazer planos (que se perdeu em algum lugar do caminho e eu preciso recuperar), na fé - que, infelizmente, foi a minha maior perda nos últimos tempos, no sorriso verdadeiro, na leveza (essa vai ser a mais difícil de reencontrar).

Os 30 me trouxeram consciência de uma série de coisas, mas também me trouxeram coisas que sempre critiquei. Me tornei menos paciente, menos persistente, menos empreendedora, menos sonhadora. Estou a 1 passo de me tornar aquele tipo abominável que só fala de sonho mas não age, que precisa começar a ginástica mas adia diariamente, que traça metas mas não busca cumprí-las, que passa o dia sentada pensando em sobreviver ao invés de viver, comodista, conformada. Mas, por outro lado, me trouxeram maturidade para reconhecer tudo isso e buscar a reinvenção.

Estou respirando fundo para ver por onde devo começar. Torçam por mim!

23.6.08

Sintonia

Depois de uma conversa de horas com meu irmão gêmeo, pensei em algumas coisas que eu precisava registrar para não esquecer de lembrar. Não precisei, nosso lado Mônica já havia batido nele e encontrei a lista sobre nossas indisposições pronta que, claro, saiu praticamente igual à que eu iria montar. Então vou dar o ctrl+C / ctrl+V em tudo o que se aplica do lado de cá, que dá na mesma:

* Cultivar novas amizades - o projeto é CONSERVAR as antigas. Só.
* Ensaiar ou tentar manter relacionamentos - minha vida é COMIGO MESMO e faço questão de que seja assim porque EU NÃO PERTENÇO.
* Acreditar em promessas de trabalhos maravilhosos sem data pra começar nem salário definido - No meu caso serve e máxima 'não insistir demais em coisas que começam com a cara de que não vai dar certo'.
* Trocar o CERTO pelo DUVIDOSO AO EXTREMO.
* Falar com gente 'nada a ver' por motivos 'mais nada a ver ainda'.
* Perder tempo com a porra do MSN. CAN-SEI!
* Ficar acordado até muito tarde... Sim, não sou mais o mesmo! - e o fôlego também não! Varar a noite, agora, só se for na gandaia. Fora isso, não me liguem depois das dez da noite! ZZZZZZZZZZZZZZ
* Lidar com gente que não merece nenhum grande esforço de atenção.
* Dizer "sim" quando preciso dizer "não".
* Ficar muito tempo longe de quem verdadeiramente amo e sinto falta.

É isso aí: coisas para não esquecer jamais!

19.6.08

5:55

Deus ajuda quem cedo...


Amém!

16.6.08

Upa, upa cavalinho!

Eis que Pé-de-Pano ganhou um Voodoo pra Jacu: olhem meu imponente cavalinho!


Só uma amiga querida, quase uma irmã mais nova, poderia ter a paciência de fazer isso por mim. Acho que foi o presente mais criativo que ganhei na vida! Estou tãããão feliz com ele...
Má, obrigada por tudo, não só pelo Pé-de-Pano! Há de se ter muita paciência para ouvir meus lamentos diários e conseguir recebê-los bem sempre.
Amo você! E que a vida ainda me reserve muito de sua presença!
Beijos meus e do mascote! (quando você pegar uma carona comigo, vai ver que lindo ele lá cuidando de si próprio! hahaha)

Pensou mesmo que ele fosse grande?

Ah, o frio...

Tem como não gostar?

9.6.08

As flores já não crescem mais

Há mais de 1 mês trabalho aos finais de semana e estou acabada fisicamente. Não consigo fazer NADA em casa, nem ler meus livros, nem passar um mísero hidratante nas pernas. Estou cansada demais da conta...

Já estou morrendo de saudades dos meus queridos, com um sentimento de frustração enorme por não ter atingido meus objetivos e preferir buscar outros caminhos ao invés de lutar por algo que quero, como sempre fiz profissionalmente. Mas o que me fez desistir é lembrar que na maioria das vezes o desgaste é tão grande na batalha que não compensa a vitória. Então desisti, dane-se!

O que me anima são as coisas que vou retomar pessoalmente: as regas diárias no lírio da paz que já está quase morrendo, jantar decentemente após chegar de um dia produtivo no trabalho, rever pessoas que amo, organizar meus filmes antigos e minhas músicas, me exercitar antes do galo cantar, correr aos finais de semana... Além da lista de coisas que sonho há anos e ainda não consegui concretizar por falta de tempo.

Eu geralmente não espero a virada de ano, o aniversário ou a segunda-feira para fazer listas ou começar a ir atrás das coisas que desejo ver concretizadas. Isso me é um exercício constante. Tenho alguns planos bem antigos que pretendo realizar em breve, agora que estarei num lugar mais parecido comigo e a inspiração de renovar meu (quase nenhum) tempo livre parece estar brotando novamente. Eu ainda vou fazer flamenco, violino, gastronomia, teatro e filosofia. Só não sei por onde começar.

Mas minha maior ansiedade é outra. Assim que colocar meu sono em dia volto à minha rotina: acordar na madrugada, fazer exercícios, tomar um banho seguido de um café da manhã decente, trabalhar feliz, chegar em casa e tomar o outro banho cheio de rituais, ler um livro e dormir de sonhar. Quando a saudade bater, olharei fotos de ontem e ligarei para as meninas, marcaremos um almoço ou happy hour, vamos rir um monte com as besteiras que brotam sem parar e pronto! Vai ficar tudo bem...

Agradecimentos infinitos por vocês, que me fizeram resistir além das forças. Se eu pudesse, levaria todos comigo. E tchau, que estou quase chorando!