30.1.11

Belle and Sebastian...

... making my days since 2001!

23.1.11

Sobre o crescer

As pessoas riem e me chamam de boba quando digo das mudanças que os 30 me trouxeram. Mas então, bem, elas fazem 30 um dia e vêm chorando me dizer que eu estava certa.

É claro: não há um padrão e talvez o início da minha 4a década não soe nem de longe com a dos demais. Mas há de se reconhecer que 30 anos de vida são uma dádiva, e que só se percebe isso quando se entra na casa dos 30. Nada se compara ao que a experiência pessoal nos acrescenta.

Sinto falta do que eu fui? Talvez, em alguns sentidos. Mas na maioria deles apenas me vejo como 3a pessoa da minha história. Quando me recoloco dentro de mim para ver o que se passava realmente comigo, é aí que me surpreendo: as piadas brotavam com um lindo sorriso no rosto da moça que estava com o coração dilacerado. Objetivamente, eu já era uma pessoa madura para alguém daquela idade. Minhas criancisses foram abandonadas antes do padrão, pelo que vejo. Mas havia isso de sorrir mesmo com o sapato apertado.

Isso se foi. E o melhor: o sorriso também. O sorriso mentiroso não existe mais. Sinto falta de sorrir, mas se fosse realmente contar os meus sorrisos sinceros talvez a média de hoje não seja tão inferior ao que era. A diferença está no quanto me poupo de fazer cena atualmente. E, Deus, como isso é bom!

Aprendi muito com isso aqui, e acho que cada dia mais essas palavras norteiam meu agir. Pois não há nada mais importante do que ser (ou ao menos tentar ser) honesto consigo mesmo e poupar-se da encenação, ou da justificação para pessoas que esperam justamente que você assuma a culpa de todos os seus problemas. E daí que algumas pessoas hoje certamente me taxam de intolerante, mas elas não sabem o quanto isso faz de mim alguém melhor. Na minha intolerância residem as defesas do amor que há em mim, e que antes disso era bombardeado a todo momento. E, olha, eu tenho orgulho do amor que eu posso oferecer.

Na minha curta terapia há alguns anos fiz a grande descoberta do quanto sou manipulável. Do quanto minha fraqueza jorra ao ver aqueles que amo precisando de mim. E outra: busco entrelinhas e me anteponho ao problema, me uso de escudo para o outro ainda que isso me machuque. E, se quer saber, eu estava morrendo. Pois em determinado ponto eu não via nada de mim mesma, eu só me via em cena de terceiros, defendendo, ajudando, pegando pela mão e, pior, sendo mal interpretada. E daí vieram os 30.

Me intrigava ouvir minha mãe dizendo que gostaria de ter o corpo de 20 com a cabeça que ela tinha aos 40. Mas mamãe, como sempre, estava certa. Nada no mundo é melhor do que o crescer. Eu não sou imune ao sofrimento. Aliás, eu sofro exponencialmente mais pelo fato de existir mais verdade dentro de mim. Mas não uso meu esforço para justificações, para humilhações, para competições, para defesas que não sejam as minhas. Não há mais palco para esse tipo de cena da minha parte, e percebo nitidamente os exercícios daqueles que me usavam em me provocar. Eu emputeço. E me afasto.

Me afasto, com prazer, de quem pediu ajuda e não soube agradecer, ou com quem diz que sumi, mas que não apareceu. De quem diz que me ama, mas usa dos mesmos gestos com pessoas sem significado, ou me diz sentir saudade, mas nunca dá um passo adiante. Não há energia dentro de um ser humano que não se consuma ao ceder a todas essas chantagens emocionais e, lembrem-se: eu quase morri. Cansei, era impossível prosseguir assim. Eu usei meias palavras comigo mesma com medo da dor de assumir tudo isso para mim mesma, mas a dor foi ainda maior por ter agido assim.

Se hoje tivesse que definir a mim mesma diria que sou uma pessoa de sorriso raro mas cheia de intensidade. Não há impulsos, mas há um agir por paixão. Não há arrogância, mas há um zelo ao que tenho de melhor, um agir por proteção, um instinto de sobrevivência de um bom coração que ainda habita aqui. Há uma dor aqui dentro que não tem cura, nem mesmo do tempo. Mas há uma pessoa com a experiência de todas as guerras internas que viveu cuidando de si própria.

17.1.11

Starring

O protagonista de um filme presumia o que aconteceria no final de um de seus mais importantes papéis. Mas ainda assim ele foi surpreendido ao perceber que as últimas cenas foram rodadas sem que ele estivesse presente.