23.9.06

Andrea Doria

Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
como sei que tens também...

(Renato Russo)

To me, about me

A sensação de estar cavando a si mesmo é muito estranha. Você descobre num pulo, por exemplo, que é manipulável. E só então consegue prestar atenção nos milhares de flashs sobre sua vida onde foi usado e você nem mesmo percebeu. Céus! E eu não sou do tipo que se faz de cega sobre si mesma: eu penso, eu reflito, eu busco. É por isso que a descoberta tem esse efeito meio avassalador sobre mim, acho. E me faz pensar em outro nível, um nível desconhecido. E faz cair conceitos, e após o pulo, na sua chegada ao chão, você vislumbra um universo cheio de cores e brilhos diante de você que até então você não tinha nem mesmo passado o olho por. É que isso dói o olho, até que você se acostume.
É... Somos todos uma caixinha de surpresas, antes de mais nada prá nós mesmos!

3.9.06

Café

Minha mãe sempre foi uma consumidora voraz de café. Ela deixa uma xícara sobre a pia na qual joga uma água entre um café e outro, mas não dá tempo nem da xícara esfriar. Eu a criticava tanto que acabei pagando a língua.
Não foi assim, gratuitamente. A faculdade já anunciava o futuro das minhas madrugadas, e para o novo hábito que a vida me apresentava eu segui as mais diversas receitas: cápsula de guaraná, energéticos, café-com-coca-cola... Este último surtia efeito, pois a dor no estômago era tanta que não conseguiria pegar no sono, mas também não conseguia executar as tarefas e acabei deixando a fórmula para trás. Mas o café, o vício maligno de mamãe, esse não! Ele não me fazia mal (ainda) e só de sentir o cheiro eu já me via com forças de atravessar a noite. O efeito sempre foi mais psicológico que orgânico, mas era um efeito. E café passou a combinar com trabalho, são companheiros inseparáveis na minha vida. O problema é que, prá quem não sabe, sou uma workaholic da pior espécie. O estômago já reclama, mas o vício fala mais alto.
Eu abomino os domingos aqui na Rocha, onde as vizinhas começam a preparar o almoço às 8 da madrugada (não é exagero!). Daí corro a preparar meu 1o café do dia e me desejar um dia maravilhoso. Não há nada que me dê mais esperanças de um bom dia do que o cheiro de café logo pela manhã.

2.9.06

Divagando...

Eu fico chateada quando vou analisar a vida e vejo que não existe algo que seja 100% nela. E não adianda, c'est la vie, mas não tem como não achar isso minimamente estranho. Não conseguimos ser 100% em nada, não conseguimos nos satisfazer 100% com algo, ninguém é 100% para nós.
Isso deve ter ligação com os exercícios da vida e evolução, mas tem horas que eu só sei ficar desiludida comigo e com tudo ao meu redor.

31.8.06

Efeitos 'acadêmicos' - I

Indo pro trabalho tinha uma galera pedindo dinheiro prá formatura na esquina do escritório. Daí um moleque chegou prá mim com 3 cigarros de marcas diferentes, e aconteceu o seguinte diálogo:
- Compra um cigarro prá ajudar a gente na formatura?
- Eu não fumo!
- Nem eu! Mas então me ajuda com 10 centavos, é prá formatura!!!
- Não!
- 5 centavos, então!
- Não!!!
- MSN?
- MSN? hahahaha, tá doido? MSN foi foda!
- Orkut, então!
- Não tenho Orkut!
- É, o namorado devia estar pesando pro seu lado... Também, eu também estaria se fosse ele! Mas faz assim, me procura no Orkut, meu nome é 'fulano de tal' e me adiciona no MSN?
- Não!
- Que custa?
- Meu namorado vai pesar é pro SEU lado!
- Só me dá seu MSN, vai... promete?
- Tudo o que posso te dar é um voto de 'boa formatura'!
- Estou esperando!
- Vai esperando... Tá doido, moleque?
Daí ele veio, me deu um abraço, um beijo e saiu correndo!
Pior que ele era tão engraçado que nem achar ruim eu consegui...

20.8.06

Eu não sei, mas aprendo.

Eu não sei crasear, sempre acho que nada é artigo ou advérbio. Eu não sei acentuar porquês, e talvez este também saia errado, me desculpem. Há coisas que não entram na cabeça. Outras entram, um dia, depois de eu ter passado milhares de vezes ao redor delas. Uma delas é comer sushi: eu me esforço continuamente, prá agradar o Bi, em comer os tais sushis. Estou no nível do 'tolerável', já. E faço isso prá agradar, e adoro conseguir. Outra coisa são com as palavras: descobri na faculdade que interpéries não existia, que o certo é intempéries. Prefiro interpéries, mas fazer o quê? (também não sei acentuar os quês!). Noutro dia pasmei ao descobrir, num papo de doido com a Veri, que empatia não tinha nada a ver com apatia. Até vermos que não falávamos da mesma coisa eu achei que não faltava descobrir nenhuma palavra já somada ao meu vocabulário, que coisa! Mas melhor que descobrir que apatia não tem nada a ver com empatia foi descobrir o que era empatia. Pois eu, caros, sou a empatia em pessoa. Tenho empatia com tudo, prá dar e vender, num nível que nem posso considerar saudável. Até por isso brigo diariamente para aprender a pensar mais em mim, em alguns casos. Apertar o foda-se e saber ser feliz. Pois é sempre o 'colocar-se no lugar do outro' que molda minhas atitudes. Infelizmente alguns abusam disso, definitivamente preciso aprender a ser mais esperta.
Tava agora, refletindo no banho (pq lá os pensamentos fazem eco e voltam prá você até que você descubra a realidade sobre si mesmo!) sobre a tal empatia. Sobre o quanto o respeito está ligado a isso. Afinal, que mérito tem alguém respeitar o seu espaço sem que isso lhe custe coisa alguma? O respeito é basicamente saber enxergar e aceitar o lado do outro, e tem nele uma carga de sacrifício. E para aceitar o lugar do outro nós precisamos nos colocar no lugar dele, e daí a empatia ter tudo a ver com respeito.
E todos têm, em algum momento da vida, que usar do respeito, da empatia. Por amar, por gostar, por considerar simplesmente. Eu aceito o 'não querer' algo, pois querer é prerrogativa. Mas ignorar o outro é egoísta. E o egoísta é incompetente com a empatia, pois ele só pensa no seu querer, pois querer é prerrogativo e ele sabe disso melhor que ninguém, e só sabe respeitar a si próprio. O querer do egoísta anula o querer do outro, pois ele é o senhor da razão, pois ele entende de todas as coisas. E não há, fora dele, outro padrão de comportamento. Dane-se a sua polidez, sua dificuldade em dizer não, o seu querer. Pois se prá ele o céu cinzento é azul, é azul e ponto. E, pôxa, tá na cara que é cinzento... mas se prá ele a tempestade tem efeito do sol brilhante, de que importa todo o resto?
É, meus caros. Talvez eu passe a vida sem aprender a crasear e acentuar porquês (tá certo?). Mas por outro lado eu já como sushi, sei o que é empatia e sei que no meu mundo não cabem pessoas egoístas, por mais que as ame e deseje o melhor a elas. Pois preciso respeito prá ser feliz. Preciso, no mínimo, ser bem interpretada. Sou leve e polida, ninguém tem o direito de tirar isso de mim e querer me moldar.
Assim seja.

18.8.06

Funny Little Frog

Deles... Belle!

Honey lovin you is the greatest thing
I get to be myself and I get to sing
I get to play at being irresponsible
I come home late at night and I love your soul
I never forget you in my prayers
I never have a bad thing to report

You’re my picture on the wall
You’re my vision in the hall
You’re the one I’m talking to
When I get in from my work
You are my girl, and you don’t even know it
I am livin out the life of a poet
I am the jester in the ancient court
You’re the funny little frog in my throat

My eye sight’s fading, my hearing’s dim
I can’t get insured for the state I’m in
I’m a danger to myself I’ve been starting fights
At the party at the club on a Saturday night
But I don’t get disapproving from my girl
She gets the all highlights wrapped in pearls..

You’re my picture on the wall
You’re my vision in the hall
You’re the one I’m talking to
When I get in from my work
You are my girl, and you don’t even know it
I am livin out the life of a poet
I am the jester in the ancient court
You’re the funny little frog in my throat

I had a conversation with you at night
It’s a little one sided but that’s allright
I tell you in the kitchen about my day
You sit on the bed in the dark changing places
With the ghost that was there before you came
You’ve come to save my life again

I don’t dare to touch your hand
I don’t dare to think of you
In a physical way
And I don’t know how you smell
You are the cover of my magazine
You’re my fashion tip, a living museum
I’d pay to visit you on rainy Sundays
I’ll maybe tell you all about it someday

13.8.06

Série: Para começar a amar...

...Belle and Sebastian

I want poetry and music and some laughs

Acho que nenhuma banda fez tantas músicas capazes de mudar meu estado de espírito quanto B&S e estou com medo de escrever esse post durante um dia inteiro e atrasar o trabalho!
Lembro exatamente do dia que a Lelê havia voltado do Free Jazz, encantada, mostrando Seeing Other People. Detestei. Todos no escritório detestamos. O Stuart, o cantor, é desafinado. E até por isso eu resisti um pouco em ouvir a banda. Mas algum tempo depois nós trabalhávamos cada qual em sua casa, via msn, e eu mandei o link de uma lista da banda na rádio Uol para que ela ouvisse, e acabei ouvindo junto para fazer companhia. Uma, duas, três vezes. Tarde demais, eles haviam roubado meu coração. Quem ama o feio... E hoje eu adoro a voz desafinada do Murdoch.
Eu sempre acho que nasci na época e local errados. Eu devia ter nascido num lugar pálido e gélido, lá nos anos 50, usar saias rodadas e ter móveis art noveau, sem contar a paixão que teria por minha geladeira oval azul bebê. E Belle remonta esse cenário em mim: eles sabem traduzir perfeitamente a melancolia, a alegria, a nostalgia, os anseios que vivem aqui dentro.
Dizem que eles tem um 'quê' de Smiths (será?) pela profundidade das letras, pela forma melancólica que compõem. Tá, eu também adoro Smiths, isso explica muita coisa. Mas acho que a melancolia do Belle é ainda mais cortante, é aquele buraco fundo fundo de nós mesmos que evitamos botar o dedo.
Mas eu não consigo falar muito da banda, consigo falar apenas dos meus sentimentos sobre eles. Me perdoem, ligação 100% passional. Daí que a proposta é terminar fazendo uma lista de músicas preferidas, na ordem de preferência, pra introduzi-los à minha experiência pessoal com as bandas que amo. A ordem não vai existir, não consigo, vou seguir pelos álbuns. E estou realmente preocupada com o tamanho que isso vai ficar, mas vamos tentar! E vocês: façam a lição de casa direitinho!

[álbum: música (trecho)]

Tigermilk: My wandering days are over (It's got to be fate that's doing it/A spooky witch in a sexy dress has been bugging me/With the story of the way it should be/With the story of Sebastian and Belle the singer)
If you're feelling sinister: Get me away from here, i'm dying ( Ooh! Get me away from here I'm dying/ Play me a song to set me free/ Nobody writes them like they used to so it may as well be me)
The boy with the arab strap: A summer wasting (Summer in winter/Winter in springtime/ You heard the birds sing/ everything will be fine)
Fold Your Hands Child, You Walk Like A Peasant: Family tree (I've been feeling down/ I've been looking round the town/ For somebody just like me/ But the only ones i see/ Are the dummies in the window/ They spend their money on clothes/ It saddens me to think/ That the only ones I see are mannequins/ looking stupid, being used and being thin/ And i don't know why i hang around with them)
Storytelling: Storytelling (You are just a storyteller/ You are not trying to escape responsibilty/ If we believe you then you are successful/ But you do not make claims of verity)
Dear Catastrophe Waitress: Stay loose (But my faith is like a bullet/My belief is like a bolt/ The only thing that lets me sleep at night/ A little carriage of the soul/ If it starts a little bleaker/ Then the year may yet be gold/ Happiness is not for keeping/ Happiness is not my goal)
The Life Pursuit: Funny little frog (vou postar a letra num post, pq é toda fofa)


Dos singles todos, que vocês podem encontrar reunidos em Push Barman To Open Old Wounds (que é todo bom!):
- The state that I am in
- String bean jean
- Lazy line painter jane
- Winter wooskie
- Take your carriage clock and shove It


Me sinto péssima em ter enxugado tanto a lista, mas se eu falar mais de uma música por álbum vai começar a ficar bem complicado. Mas não deixem de ouvir The model, The wrong girl, It could have been a brilliant carreer, I don't love anyone (continuo me sentindo injusta!).
Taí, parte da minha história cantada desafinadamente!


UPDATE: Acabo de ler uma reportagem da revista portuguesa Mondo Bizarre , com o B&S falando sobre The life pursuit, onde é citado:

Neste momento temos ouvido muito as bandas britânicas de metais dos anos 30 e 40.
É música de music halls, uma loucura.
Muito melódica e as letras são muito otimistas, é melancólica e faz-nos sentir saudades de um tempo que não chegámos a conhecer, transporta-nos para outro lugar.


Daí eu penso: eles são mesmo a banda da minha vida, ou então eles leram o meu texto onde digo que queria ter vivido no passado e só falaram isso prá me agradar! hahaha

10.8.06

Mantra do dia

Vai passar, vai passar, vai passar.
O amanhã sempre chega com promessas de bom dia.

8.8.06

Li certo?

Glória Maria Matta da Silva começou a trabalhar como jornalista na década de 70. Na Globo desde 1972, já passou pelo "RJTV", "Jornal Hoje", "Jornal Nacional" e "Globo Repórter", entre outros telejornais, até chegar ao "Fantástico", em 1986. (...)
Famosa também por esconder a idade durante muito tempo, a carioca de Vila Isabel afirma ter pavor de envelhecer. Para retardar o processo natural, ela toma cerca de 60 pílulas de vitaminas e suplementos todos os dias.


60? Estúpida!

6.8.06

"Não suporto estar em segundo lugar!"

Eu realmente acredito que lugar cativo é lugar cativo. Lugar conquistado no coração é nosso e de mais ninguém. Se alguém cultiva um lugar maior, ainda assim é outro lugar e não o nosso.
E tentar deixar o seu lugar vazio só pq o vizinho construiu um sobrado e vc tem uma casa térrea é meio irracional, sabe? Vc vai prá debaixo da ponte, deixar sua casinha linda lá, abandonada...
E casa própria, caros, é casa própria! O sonho de qualquer um, sendo uma mansão ou um cafofinho!

16.7.06

... pois o verdadeiro amor é incontestável!

Ao meu lindo, com carinho, num desses momentos que a gente se derrete de amor pelo outro...

Cátia diz:
Deus me ama por ter me dado um amigo como vc
Cátia diz:
que escuta essas baboseiras todas e ainda consegue me acalmar
Cátia diz:
TE AMO!
Daniel diz:
eu também, minha linda!
Daniel diz:
Deus foi mesmo BONÍSSIMO conosco
Cátia diz:
sem dúvidas, hunny
Daniel diz:
ele nos colocou como ESPELHO um do outro
Cátia diz:
eu ADORO o que vejo no meu!
Daniel diz:
e eu entendo PERFEITAMENTE o que está me dizendo
Daniel diz:
sem necessidade de maiores explicações
Daniel diz:
e eu TE AMO por isso
Daniel diz:
e por ser como e quem és
Daniel diz:
com falhas, defeitos e, acima de tudo, IMPERFEIÇÕES!
Daniel diz:
porque nós precisamos inclusive delas!
Cátia diz:
sim!
Daniel diz:
e tô aqui pra te dizer:
Daniel diz:
elas não desintegram a Catita que vc é!
Cátia diz:
Tomara, Dani

Meu lindo, meu bote da salvação. Mais uma vez... Sempre!

7.7.06

Tréplica-desabafo

Não sou culpada pelos seus males. Use de todos os seus argumentos falhos para vomitar sua forma negativa de lidar com as coisas sobre mim. Fale o quanto quiser: minha consciência é mais leve que o ar! Leve, leve... E ela não pesa por ter frustrado suas expectativas egoístas.
Seja feliz, que é o melhor que pode fazer por você. Pois você não é vítima da vida mais que qualquer pessoa, e se eu consigo você também chega lá!

12.5.06

... tudo vai ser diferente...

E depois de tamanha decepção, nada lhe restava senão mudar de vida. Mas como? Era tão difícil mudar, sendo quem era. E pensando, pensando, concluiu que devia começar naquele instante: mudou a cor da fonte no msn, a foto do orkut e a sua descrição do perfil. Quase sem ar diante de tanta mudança, chegou ao ponto de sentir a suficiência de seus grandes atos. Respirou fundo e continuou, ele mesmo, a seguir sua vida. Aquela, ela mesma.

7.5.06

Hummmmmmmmm

Amo quando meu player emenda Horizon's, Supper's Ready, Musical Box e For Absent Friends.
Genesis me faz viajar, gritar, pensar, suspirar... Nesse friozinho então... Delícia!!!!

For absent friends

Sunday at six when they close both the gates,
A widowed pair,
Still sitting there,
Wonder if they're late for church
And it's cold, so they fasten their coats and cross the grass.
They're always last.

Passing by the padlocked swings,
The roundabout still turning,
Ahead they see a small girl
On her way home with a pram.

Inside the archway, the priest greets them with a courteous nod.
He's close to God.
Looking back at days of four
Instead of two...Years seem so few.
Heads bent in prayer
For friends not there.

Leaving twopence on the plate,
They hurry down the path and out the gate
And wait to board the bus
That ambles down the street

Quando lutar não faz mais sentido

Diz que não é assim,
que eu devia lutar!
Mas lutar pelo quê,
se eu não posso vencer
a guerra de mim mesma
sem eu mesma perder?

6.5.06

Filosofando (4/N)

E uma coisa que detesto é: por qual motivo as pessoas não podem ter pequenas preocupações? Se você diz que ficou indignado com os terços em forma de pênis na exposição erótica alguém responde 'indigne-se com a corrupção, com o aumento do combustível, com a fome no Nordeste!'.
Como se meu cérebro fosse monotarefa! Será que essas pessoas não conseguem armazenar mais de uma motivo de inconformação em suas vidas? Por qual motivo não posso, ao mesmo tempo, pensar na fome africana e nos pêlos brancos de minha cachorra? Que mania sem sentido de colocar sentimentos em escalas de prioridade, querendo que tudo obedeça uma ordem de importância. Já pensou se fosse assim? As pequenas causas jamais teriam solução!
Ah, o ser humano é uma piada!

15.3.06

Decorar e aprender

Hoje eu percebo quanto tempo perdi tendo aulas que não serviram prá absolutamente nada, do primário ao final da faculdade. Eu marcava presença, apenas. Decorava a matéria, tirava uma boa nota na prova e no dia seguinte aquilo não servia mais e era deletado do meu HD orgânico. Penso como seria proveitoso hoje, com a maturidade que adquiri, fazer meu curso novamente. Pois a maturidade tira as nossas vendas, não?
E Deus é um sábio professor. Disse coisas que a gente insiste em decorar, mas só aprende se AMAR a palavra dita. Ele é o poeta das metáforas perfeitas, cuja poesia a gente só enxerga se SENTIR verdadeiramente. E daí eu concluo: só merece o 'céu' quem ama, ainda que fuja de tudo que está escrito. Pois amar nos desvia de todo o mal. Danem-se as regras ditadas por todos que aprendemos a decorar: o necessário é amar, mais nada.

14.3.06

Filosofando (3/N)

E o que é o ruim senão aquilo que se manifesta de forma contrária às nossas boas experiências? Pois a dor nada mais é que a ausência do bem estar conhecido. Senão, o normal seria a dor. E com ela eu conviveria. Assim como o amor: a gente só deseja perpetuar o sentimento pq conhece todo o bem e a sensação de saciedade que ele traz pra alma. E assim é com a amizade, o sexo, enfim.
É por isso que a infância é tão cheia de poesia, não? A gente não tem muitos parâmetros para entender os antagonismos. Mas eu achei a infância insossa. Não tenho saudades dela. Talvez por não ter vivido nada ao extremo ao ponto de questionar, eu era uma pessoinha na média. A adolescência, no entanto, eu vivi dolorosamente. Minha adolescência foi um eterno desencontro de mim mesma: tudo que eu almejava escorria das minhas mãos, e experimentei a revolta adolescente diariamente. Eu não era revoltada, eu era uma pessoa contida e polida, sempre fui. Mas aqui dentro eu lutava com os conceitos que foram vomitados na minha formação.
Já o hoje... o hoje é uma dádiva. Eu sou feliz por conhecer o céu e o inferno, e saber quais os caminhos que devo seguir prá me manter na trilha do equilíbrio. Eu amo ao extremo, me entrego ao extremo, sofro ao extremo. Tudo como tem que ser, pois aprendi a viver a dor e a delícia. E quando algo novo surge em minha frente prá me tirar o sono, eu subo no salto e prossigo. Pois nada é mais suave do que entender que a vida é o caminho, que é prá frente que se anda, e que parar ou retroceder só vai nos fazer viver determinados pontos da estrada além do necessário. Aqui dentro sou uma velha, mas uma velha no sentido de experimentada, pautada e resolvida. É o que sou, na verdade. O resto é máscara, todo ele. E me gosto tal e qual sou, mudaria apenas minha forma de buscar aprovação que é raíz de todos os meus maiores defeitos. Gosto de pensar, e é nisso que consiste a maturidade: questionamento. Conhecer-se, resolver-se.

12.3.06

Eu sou legal!

Acho legal ser legal. Além do que, ser legal é fácil. Ser chato depende de tão mais esforço!!!
Pessoas chatas são um saco!

11.3.06

Filosofando (2/N)

Sei lá... é como quando algum ponto de felicidade se esvai e eu, não aceitando, buscasse algo prá suprir sua falta, em qualquer lugar. O problema maior é que o destino é sempre o mesmo, e preciso abrir mão dele. E abrir mão de coisas que nos fazem inflar não é nada fácil... Pois o outro é sempre algo em nós, e enxergá-lo como sendo simplesmente 'o outro' é das tarefas mais árduas que alguém pode ter. Colocar-se em segundo plano pro outro SER, entende? Como esquecer de si dessa forma, ainda que seja pelo bem do próximo?
A conclusão a que chego, toda vez, é que meu pseudo-altruísmo é fachada, dessas máscaras que uso prá ganhar aprovação de todos. Mas no fundo sou uma alma mimada, que não aceita o 2o lugar na vida das pessoas que ama.
Cresce, Cátia!

10.3.06

Tempo, tempo, mano velho!

Nada como o tempo, já diria minha avó. Esse fator implacável, que cura todas as feridas e resolve todos os problemas. Aquele que torna possíveis os sonhos inatingíveis e nos faz sorrir e chorar após chorarmos e sorrirmos.
Quem diria... Quem diria que eu poderia apagar as dores que já vivi, que a mão manchada à nanquin seria uma doce lembrança longínqua da faculdade e que eu conseguiria pagar as 12 prestações da geladeira, ainda que sem juros.
Mas ele também tem personalidade forte e vontade própria: é devagar nos processos que temos pressa e corre quando desejamos que ele não passe.
Aprender a lidar com o tempo e seus paradoxos é um dos maiores atalhos para se alcançar a sabedoria.
'Tempo, tempo, mano velho... conto contigo pela madrugada!'

24.2.06

Filosofando (1/N)

A gente pensa que sabe tudo sobre si. Que já viveu o suficiente prá certas situações e que entende dos próprios sentimentos. Sabe... surpreender-se é parte da vida. Há pessoas por quem já achei que daria a vida e que hoje não significam nada prá mim a não ser uma mancha na história como tantos outros que já passaram pelo meu caminho sem terem nem mesmo decorado meu nome. Em algumas situações as pessoas me dizem 'não se preocupe, sua indiferença é raiva mascarada!'. Mas não... Minha indiferença é mera indiferença. E ninguém se incomoda mais do que eu mesma quanto à ela. Pois me incomoda tanta dedicação para coisas que já julguei eternas serem reduzidas por mim mesma ao mais completo NADA. E não adianta: eu cavo, cavo, cavo e não encontro uma lágrima, uma mágoa, uma saudade... as boas lembranças ficam (Thank, God!) mas o sujeito é oculto. Como se eu olhasse e pensasse ' que legal que alguém me deu a mão nessa hora' ao invés de 'que legal que fulano me deu a mão nessa hora'. Complexo??? Nada perto da minha indiferença...