23.9.06

Andrea Doria

Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
como sei que tens também...

(Renato Russo)

To me, about me

A sensação de estar cavando a si mesmo é muito estranha. Você descobre num pulo, por exemplo, que é manipulável. E só então consegue prestar atenção nos milhares de flashs sobre sua vida onde foi usado e você nem mesmo percebeu. Céus! E eu não sou do tipo que se faz de cega sobre si mesma: eu penso, eu reflito, eu busco. É por isso que a descoberta tem esse efeito meio avassalador sobre mim, acho. E me faz pensar em outro nível, um nível desconhecido. E faz cair conceitos, e após o pulo, na sua chegada ao chão, você vislumbra um universo cheio de cores e brilhos diante de você que até então você não tinha nem mesmo passado o olho por. É que isso dói o olho, até que você se acostume.
É... Somos todos uma caixinha de surpresas, antes de mais nada prá nós mesmos!

3.9.06

Café

Minha mãe sempre foi uma consumidora voraz de café. Ela deixa uma xícara sobre a pia na qual joga uma água entre um café e outro, mas não dá tempo nem da xícara esfriar. Eu a criticava tanto que acabei pagando a língua.
Não foi assim, gratuitamente. A faculdade já anunciava o futuro das minhas madrugadas, e para o novo hábito que a vida me apresentava eu segui as mais diversas receitas: cápsula de guaraná, energéticos, café-com-coca-cola... Este último surtia efeito, pois a dor no estômago era tanta que não conseguiria pegar no sono, mas também não conseguia executar as tarefas e acabei deixando a fórmula para trás. Mas o café, o vício maligno de mamãe, esse não! Ele não me fazia mal (ainda) e só de sentir o cheiro eu já me via com forças de atravessar a noite. O efeito sempre foi mais psicológico que orgânico, mas era um efeito. E café passou a combinar com trabalho, são companheiros inseparáveis na minha vida. O problema é que, prá quem não sabe, sou uma workaholic da pior espécie. O estômago já reclama, mas o vício fala mais alto.
Eu abomino os domingos aqui na Rocha, onde as vizinhas começam a preparar o almoço às 8 da madrugada (não é exagero!). Daí corro a preparar meu 1o café do dia e me desejar um dia maravilhoso. Não há nada que me dê mais esperanças de um bom dia do que o cheiro de café logo pela manhã.

2.9.06

Divagando...

Eu fico chateada quando vou analisar a vida e vejo que não existe algo que seja 100% nela. E não adianda, c'est la vie, mas não tem como não achar isso minimamente estranho. Não conseguimos ser 100% em nada, não conseguimos nos satisfazer 100% com algo, ninguém é 100% para nós.
Isso deve ter ligação com os exercícios da vida e evolução, mas tem horas que eu só sei ficar desiludida comigo e com tudo ao meu redor.