20.8.06

Eu não sei, mas aprendo.

Eu não sei crasear, sempre acho que nada é artigo ou advérbio. Eu não sei acentuar porquês, e talvez este também saia errado, me desculpem. Há coisas que não entram na cabeça. Outras entram, um dia, depois de eu ter passado milhares de vezes ao redor delas. Uma delas é comer sushi: eu me esforço continuamente, prá agradar o Bi, em comer os tais sushis. Estou no nível do 'tolerável', já. E faço isso prá agradar, e adoro conseguir. Outra coisa são com as palavras: descobri na faculdade que interpéries não existia, que o certo é intempéries. Prefiro interpéries, mas fazer o quê? (também não sei acentuar os quês!). Noutro dia pasmei ao descobrir, num papo de doido com a Veri, que empatia não tinha nada a ver com apatia. Até vermos que não falávamos da mesma coisa eu achei que não faltava descobrir nenhuma palavra já somada ao meu vocabulário, que coisa! Mas melhor que descobrir que apatia não tem nada a ver com empatia foi descobrir o que era empatia. Pois eu, caros, sou a empatia em pessoa. Tenho empatia com tudo, prá dar e vender, num nível que nem posso considerar saudável. Até por isso brigo diariamente para aprender a pensar mais em mim, em alguns casos. Apertar o foda-se e saber ser feliz. Pois é sempre o 'colocar-se no lugar do outro' que molda minhas atitudes. Infelizmente alguns abusam disso, definitivamente preciso aprender a ser mais esperta.
Tava agora, refletindo no banho (pq lá os pensamentos fazem eco e voltam prá você até que você descubra a realidade sobre si mesmo!) sobre a tal empatia. Sobre o quanto o respeito está ligado a isso. Afinal, que mérito tem alguém respeitar o seu espaço sem que isso lhe custe coisa alguma? O respeito é basicamente saber enxergar e aceitar o lado do outro, e tem nele uma carga de sacrifício. E para aceitar o lugar do outro nós precisamos nos colocar no lugar dele, e daí a empatia ter tudo a ver com respeito.
E todos têm, em algum momento da vida, que usar do respeito, da empatia. Por amar, por gostar, por considerar simplesmente. Eu aceito o 'não querer' algo, pois querer é prerrogativa. Mas ignorar o outro é egoísta. E o egoísta é incompetente com a empatia, pois ele só pensa no seu querer, pois querer é prerrogativo e ele sabe disso melhor que ninguém, e só sabe respeitar a si próprio. O querer do egoísta anula o querer do outro, pois ele é o senhor da razão, pois ele entende de todas as coisas. E não há, fora dele, outro padrão de comportamento. Dane-se a sua polidez, sua dificuldade em dizer não, o seu querer. Pois se prá ele o céu cinzento é azul, é azul e ponto. E, pôxa, tá na cara que é cinzento... mas se prá ele a tempestade tem efeito do sol brilhante, de que importa todo o resto?
É, meus caros. Talvez eu passe a vida sem aprender a crasear e acentuar porquês (tá certo?). Mas por outro lado eu já como sushi, sei o que é empatia e sei que no meu mundo não cabem pessoas egoístas, por mais que as ame e deseje o melhor a elas. Pois preciso respeito prá ser feliz. Preciso, no mínimo, ser bem interpretada. Sou leve e polida, ninguém tem o direito de tirar isso de mim e querer me moldar.
Assim seja.

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