Passei noites e noites acordada durante a infância: eu morava em um lugar muito perigoso que tinha assaltos constantemente, e por medo acabava perdendo o sono. Eu me lembro de dormir bem apenas nas noites chuvosas, pois imaginava que os ladrões não iam querer sair de casa com água caindo lá fora. Lembro de uma vez que acordei minha mãe preocupada por meu pai que não havia chegado, e pouco depois recebemos a notícia de que ele havia sofrido um grave acidente. Outra que acordei meu pai por ter a impressão da casa ao lado estar sendo invadida por bandidos e bingo! Eu estava certa mais uma vez. O medo não me deixava dormir.
Mudamos de casa, e a insônia não passou. O medo foi embora com o tempo, e ao invés disso eu colocava a culpa da falta de sono no meu amor platônico pelo mocinho do colégio. Acordava todas as noites por volta da 1 hora da madrugada, ligava o rádio e escrevia sem parar: poeminhas, declarações, diário... Tenho tudo isso guardado até hoje. A vantagem dessa época foi minha ampliação de conhecimentos musicais, meu interesse literário nascente e meu vocabulário de inglês que crescia a cada dia, quando eu pegava letras de músicas para traduzir. Mais um tempo e eu seria autodidata no idioma, mas não deu: comecei a trabalhar e, estudando, me sobravam apenas 6 horas por noite para dormir, não havia mais tempo para insônia. Isso já tem uns 15 ou 16 anos.
Quando deixei o trabalho, sofri com depressão. Por volta de 1 ano passei as noites chorando e pensando em como a minha vida era uma completa desgraça. Após a longa crise, passei a preencher as noites estudando para o vestibular, depois para faculdade, depois fazendo trabalhos extras durante o estágio, depois era o emprego que me fazia levar trabalho para casa, depois a culpa foi do excesso de responsabilidade em meus projetos pessoais e meu perfeccionismo que não me permitiam delegar funções. Tornei-me notívaga. E assim, de fato em fato, eu me sentia realizada quando conseguia completar 6 horas de sono. Raro. Mais comum era varar a noite para cumprir algum dever.
Não tenho medo de assaltos onde moro, não sofro com o medo do 1o beijo e nem com algum amor platônico. Já passei no vestibular, sou formada há bons anos e acabei minhas responsabilidades do dia há 3 horas. Há duas semanas tenho conseguido atingir algumas metas e descansar um pouco mais. E há exatas duas semanas sofro de insônia. Quando desisto de esperar o sono chegar, tomo algum remédio que o provoque. Neste exato momento estou esperando com que o último que tomei faça efeito. Se eu ligar o som em um volume que julgue audível, o vizinho de baixo interfona em 3 segundos pedindo para respeitar a lei do silêncio. O que me resta? Diário! Ou melhor: o blog!
Tudo o que eu queria agora era ser uma pessoa muito, muito genial para escrever uma teoria que revolucionaria o planeta e fazer desse tempo algo útil.
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3 comentários:
É, minha gente! Alma gêmea é alma gêmea não importa o tempo, o espaço e a situação! Mesmo sem contato constante nos últimos meses, uma vez mais, estamos em sintonia, Tinha! Meu Deus do céu... Noites e noites em claro! Já tô tomando até relaxante muscular pra me livrar dos nervos tensos que as noites em claro têm me deixado.
E assim como acontece com você, a minha insônia vem de séculos!
E, claro, eu também escrevia poeminha, diário, desenhava - TUDO ISSO DEVIDADE ARQUIVADO!
UHAHUAHUAHUAHUAHUAHUHUAUHA!
Ai, meu Deus... Como pode duas pessoas serem TÃO TÃO TÃO parecidas?
Jesusmariaejosé!
Feliz 2008, lindaaaaaaaaaaa!
Beijoooooooooooooo
Querido, eu que o diga!
Se vc um dia quiser fazer uma troca de arquivos dos momentos insones, eu topo! Vamos rir MUITO!
Não vejo a hora de ter você por perto...
Beijos, e um feliz 2008 paulistano pra você!
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