E o que é o ruim senão aquilo que se manifesta de forma contrária às nossas boas experiências? Pois a dor nada mais é que a ausência do bem estar conhecido. Senão, o normal seria a dor. E com ela eu conviveria. Assim como o amor: a gente só deseja perpetuar o sentimento pq conhece todo o bem e a sensação de saciedade que ele traz pra alma. E assim é com a amizade, o sexo, enfim.
É por isso que a infância é tão cheia de poesia, não? A gente não tem muitos parâmetros para entender os antagonismos. Mas eu achei a infância insossa. Não tenho saudades dela. Talvez por não ter vivido nada ao extremo ao ponto de questionar, eu era uma pessoinha na média. A adolescência, no entanto, eu vivi dolorosamente. Minha adolescência foi um eterno desencontro de mim mesma: tudo que eu almejava escorria das minhas mãos, e experimentei a revolta adolescente diariamente. Eu não era revoltada, eu era uma pessoa contida e polida, sempre fui. Mas aqui dentro eu lutava com os conceitos que foram vomitados na minha formação.
Já o hoje... o hoje é uma dádiva. Eu sou feliz por conhecer o céu e o inferno, e saber quais os caminhos que devo seguir prá me manter na trilha do equilíbrio. Eu amo ao extremo, me entrego ao extremo, sofro ao extremo. Tudo como tem que ser, pois aprendi a viver a dor e a delícia. E quando algo novo surge em minha frente prá me tirar o sono, eu subo no salto e prossigo. Pois nada é mais suave do que entender que a vida é o caminho, que é prá frente que se anda, e que parar ou retroceder só vai nos fazer viver determinados pontos da estrada além do necessário. Aqui dentro sou uma velha, mas uma velha no sentido de experimentada, pautada e resolvida. É o que sou, na verdade. O resto é máscara, todo ele. E me gosto tal e qual sou, mudaria apenas minha forma de buscar aprovação que é raíz de todos os meus maiores defeitos. Gosto de pensar, e é nisso que consiste a maturidade: questionamento. Conhecer-se, resolver-se.
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